ADVENTO 2018


            Para além das preocupações e correrias da vida atual, que se acentuam neste fim de ano, é importante que nós cristãos, procuremos o sentido do Advento, aceitando suas interpelações e promessas. Trata-se de preparar bem a Festa do Natal, fazendo-a superar a mera comercialização ou as insuficientes emoções humanas, para chagar a profundidade do mistério de um Deus que nasceu entre os homens, a fim de orientar o mundo e a humanidade segundo um novo plano. O Menino que nasceu em Belém, pobre e rejeitado, é o Rei do Universo. Ele não impõe a sua vontade e o seu reinado, mas convida a todos a acolher sua lei e construir assim uma sociedade de paz e universal fraternidade.


        Os grandes mestres do tempo do Advento são o profeta Isaías e o precursor de Jesus, São João Batista. 500 anos antes do nascimento de Jesus Isaías estimula a expectativa e o desejo da vinda de Cristo, descrevendo a beleza dos tempos messiânicos assim: “Então o deserto se converterá num jardim e o jardim tomará o aspecto de um bosque. No deserto reinará o direito e a justiça habitará no jardim. A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranquilidade. Meu povo habitará em mansões serenas, em moradas seguras e abrigos tranquilos” (Is 32, 15-18).


       São João Batista, o austero pregador do deserto, exorta à penitência e conversão, bradando: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado, todo monte e colina serão arrasados; tornar-se-á direito o que tiver torto, e os caminhos escabrosos serão aplainados. E todos os homens verão a salvação que vem de Deus” (Lc 3, 4-6). Séculos passaram desde a primeira audição dessas promessas e advertências. E cada Natal traz as à nossa memória, para sua renovada meditação.


      Só lentamente os homens as vão compreendendo e só aos poucos o Reinado de Cristo se estabelece no mundo. É por isso que a Igreja não pode cessar de repetir os mesmos anúncios, falando, repetindo, alertando, exatamente como fariam Isaías e João Batista se vivos fossem. Às vezes será uma pregação agradável e auspiciosa: outras vezes serão palestras mais duras para corrigir erros e fundamentos ante a Lei de Cristo. Nesta sua fundamental missão, a Igreja sabe que não poderá sempre agradar a todos; mas mesmo suas palavras de denúncia e correção representam um ato de profundo amor e um desejo sincero de ajudar os homens. No Natal os cristãos perceberão o sentido da vinda de Cristo e da sua entrada na história dos homens. Com Cristo, essa história deve tornar-se uma história de salvação, de virtude, de libertação, de fraternidade e de paz. Se essas realidades ainda faltam hoje, é porque muitas portas não se abriram para o Senhor. É preciso acolher o Cristo, com sua graça e sua mensagem. O papo São João Paulo ll disse: “Não tenhais medo de abrir as portas para Cristo”. Caros irmãos, o indivíduo que se converte: a família que se santifica; a sociedade que se torna mais justa; a humanidade que anda segundo a Lei de Deus: – eis os frutos do Natal verdadeiro. Amém.