“Como podemos dar uma voz de utopia em um ambiente de distopia”, provoca o assessor da USGCB ao aprofundar a temática da assembleia


 


 



 


 


 


 


 


 


 


Com uma análise do contexto em que foi escrita a encíclica do Papa Francisco, “Laudato Si”, em português “Louvado Sejas”, teve início, na tarde de ontem (21), a discussão da temática “Cultivar a mística do cuidado da Casa Comum, comprometida com a Vida Religiosa em saída”, tema central da XLI Assembleia Nacional da União das Religiosas e dos Religiosos de Congregações Brasileiras, que teve início no dia 20 e segue até o dia 24, na Porciúncula, em Messejana, Fortaleza Ceará.


O palestrante, Brayan Filipe Farias, do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS / OFM) lembrou que o documento da Igreja foi escrito em meio a uma realidade  desafiadora de degradação da natureza e da vida, de modo geral, e que surge como apelo à mudança.


Com a questão inicial: “o que está acontecendo com nossa Casa Comum”, Brayan aprofundou o tema proposto pela assembleia, trazendo assuntos que tem repercutindo mundialmente como, por exemplo, o caso da criança Síria de três anos, encontrada em 2015, à margem de uma praia da Turquia. A inquietação com os acontecimentos em que o contexto atual tem gerado, de acordo com o assessor, deve ser uma discussão permanente do cristão e da cristã e vivenciada como “pano de fundo da nossa própria experiência do humano no tempo atual”, apela.


Ainda de acordo com Brayan, os desafios pelos quais têm enfrentado o mundo inteiro, de mudanças socioambientais, são também vivenciados pela população brasileira. “Vivemos no Brasil uma ofensiva neoliberal, protagonizada de forma incisiva pelo impeachment da Presidente Dilma, com forte ataque do Capital Financeiro Internacional: privatizar recursos públicos e bens comuns; transformar serviços públicos em negócios, privatizar saúde, educação, diminuir direitos sociais e ambientais”, lamenta o assessor.


Dentro dessa leitura de crise, o assessor ressalta questões positivas e negativas que as mudanças provocaram. “Temos na modernidade um grande feito, não podemos negar (a inauguração do pensamento científico). Esse avanço traz, além dos benefícios, o maléfico, um racha entre o material e irracional. Aquilo que não pode ser ‘medido’ é largado à margem do conhecimento e da experiência humana”. Nessa lógica, segundo afirma, “a natureza também é estudada como mecanismo perfeito”, sujeita à morte.


A partir destas discussões, Brayan chamou atenção da Vida Religiosa para as ações necessárias de resgate da vida nas mais diversas instâncias. “Que comprometimento essas reflexões de hoje nos provoca enquanto vida religiosa”? “Como podemos dar uma voz de utopia em um ambiente de distopia”?


Ao final da tarde deste segundo dia, as/os participantes foram conduzidas/os pela mística da ecologia. O momento possibilitou um encontro com a mãe terra a partir da questão: “que lugar ocupo neste momento” e do convite a sair do lugar e ocupar outro lugar, em silêncio, como meio de conexão com Deus e o universo.


À noite, houve um momento do cuidado. Entre as atividades promovidas  foram realizadas massagens, reflexologia, acupuntura e tai chu chua.