Em março deste ano, o Governo Federal iniciou uma operação liderada pelo Exército para controlar o fluxo de imigrantes venezuelanos que chegam ao Brasil, especialmente no Norte do país. O objetivo é melhorar os abrigos temporários e ajudar com a documentação para que eles possam encontrar trabalho em cidades maiores.
Em busca de uma vida melhor, estabilidade financeira, serviços de saúde e alimentos, centenas deles fogem da severa crise pela qual passa a Venezuela, tendo como porta de entrada principalmente as cidades de Boa Vista e Pacaraima, em Roraima. Estima-se que cerca de 40 mil venezuelanos já tenham entrado em Boa Vista, o que representa mais de 10% do total de habitantes da cidade.
Apesar de toda a ajuda dada, Roraima passa por uma crise humanitária sem precedentes. Recentemente, por exemplo, a Polícia Federal divulgou que cerca de 90 mil venezuelanos entraram no Brasil entre 2017 e 2018. Metade deles seguiram para países vizinhos em que se fala o espanhol, como a Argentina, mas a grande maioria permanece no Brasil.
O bispo de Roraima, dom Mário Antônio da Silva, explica que por lá o fluxo tem aumentado diariamente, são cerca de 400 venezuelanos que cruzam a fronteira. Ele afirma que com a chegada da Força Tarefa Humanitária, liderada pelo Exército, a situação deu uma melhorada principalmente em relação às estruturas dos abrigos existentes, mas garante que ainda são necessários novos, uma vez que muitos dos imigrantes e refugiados ainda estão nas ruas e praças, principalmente em Pacaraima e na capital, Boa Vista.
A situação ainda é de emergência, apesar das medidas que são tomadas para aliviar a tensão. Dom Mário conta que tem recebido apoio financeiro, doações de alimentos, roupas e materiais de estudo para melhor servir os venezuelanos, mas que tudo foi graças à Campanha de Solidariedade lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em fevereiro. Na ocasião, a entidade conclamou todas as pessoas de boa vontade a ajudar à diocese.
“Com a Campanha de Solidariedade divulgada pela CNBB, após o Conselho Permanente de fevereiro/2018, chegou na conta da Diocese de Roraima o total de R$ 387.390,85 e já investimos em alimentos, roupas, remédios e outras necessidades fundamentais cerca de 30% do montante”, disse. Além dessa iniciativa, em abril, durante a Assembleia Geral da CNBB, os bispos aprovaram que fosse destinado 40% dos recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) para a diocese de Roraima, “a fim de que o serviço fosse prolongado”.
Para dom Mário, a atitude tomada foi uma “ótima alternativa num belíssimo gesto de solidariedade e partilha para amenizar os sofrimentos e necessidades dos imigrantes”. Em breve, ele afirma que com as orientações da presidência da CNBB, a diocese estará elaborando um projeto para o uso dos recursos.
As portas continuam abertas em vista da ajuda humanitária para os imigrantes e refugiados que chegam ao Brasil. A conta da diocese de Roraima, para quem quiser ajudar é:
DIOCESE DE RORAIMA
CNPJ 05.936.794/0001-13
BANCO DO BRASIL
Agência: 2617-4
Conta Corrente: 20.355-6
Gesto de acolhida por todos os cantos do país
Sensibilizados pela situação em que se encontram inúmeras famílias venezuelanas, a diocese de Rubiataba e Mozarlândia receberá no próximo dia 20 de junho duas famílias venezuelanas com quatro membros cada. Uma delas irá residir nas dependências de uma casa da Paróquia Nossa Senhora Conceição de Crixás (GO) e a outra em Mozarlândia, numa casa alugada pela Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. “Aos dois párocos minha imorredoura gratidão por acolher este pedido da Igreja”, afirmou o bispo diocesano, dom Adair José Guimarães.
Em carta divulgada, o bispo afirma que as duas paróquias estão se mobilizando para montar as duas casas, “visto que as famílias chegarão praticamente sem nada”. Na família que será recebida em Crixás há uma grávida de alguns meses. “Muito bonita a disponibilidade do povo das duas paróquias para ajudar esses nossos irmãos que chegam em busca de bem-estar e cidadania”, diz o bispo em um trecho. Juntas as duas paróquias irão organizar a inserção dos que podem trabalhar no mercado de trabalho. “Nos carentes que chegam vamos contemplar o rosto misericordioso de Jesus Cristo”, afirma dom Adair José Guimarães.