Nota sobre o atual momento político do Brasil é lançada pela Comissão Justiça e Paz da Diocese de Crato


Visando contribuir com o processo de conscientização sobre o atual momento político que os brasileiros estão vivenciando, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Diocese de Crato, lançou nesta segunda- feira, 25 de abril, uma nota com o título “A conjuntura nos pede fé”.


Falando sobre a necessidade de exercermos o  papel de cidadãos, em meio as tribulações, a comissão reflete sobre a necessidade da luta pela democracia e afirma que o cristão tem papel primordial neste processo. “A política brasileira está à deriva, dando claros sinais de fragilidade, o caos é intenso e tal como é em situações de turbulência muitas vezes não sabemos a quem ouvir, em quem acreditar; diante da dificuldade não abandonemos a nossa fé.”


A comissão ainda convoca o povo a acreditar na força revolucionária do amor, sem perder a esperança.


Confira a nota na íntegra:


A conjuntura nos pede fé


O Brasil assistiu no último domingo, 17 de abril, a votação de acolhimento do processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff realizado pela câmara federal. Chamou atenção discursos inflamados invocando o nome de Deus, menções a igrejas evangélicas, quadrangular, a movimentos carismáticos… Não queremos dizer aqui quem está certo ou errado, não pretendemos julgar nossos irmãos e nossas irmãs, nem tampouco fazer defesa do governo ou do impedimento, trata-se, isto sim, de reafirmar a nossa fé.


Acreditamos no Cristo vivo, libertador que já veio para nos salvar; nesse sentido não existe salvador da pátria, não esperemos! Cristo já deu a sua vida e ressuscitou por nós.  Concordamos que a situação ora vivenciada por nós é turbulenta; tal qual quando o Mestre atravessava de barco de Jerusalém a Cafarnaum com seus discípulos, tudo seguia tranquilo até que de repente surgiu uma imensa tempestade e o barco começou a naufragar os discípulos percebendo que naufragariam, caso não houvesse urgentes providencias, chamaram Jesus e logo veio a vitória, quando ele ordenou às águas e ao vento e ambos obedeceram e tudo ficou calmo.


A crise a qual estamos vivendo não é só política e econômica:  é, também ética. Por isso, é preciso enfrentar o corrupto que há em cada um de nós, combater nossas fraquezas. Quantas vezes não furamos a fila? Não vendemos o voto ou oferecemos propina para passar em uma blitz? Avançamos o sinal ou a faixa de pedestre? Mentimos ou ocultamos a verdade para tirarmos vantagens pessoais? A transformação desse quadro começa a partir de nossa mudança, sejamos e acreditemos no exemplo.


Acreditemos nas comunidades eclesiais de base que a partir da oração, do trabalho e da organização, dão diuturnamente o testemunho da presença divina em suas vidas, que desenvolveram a capacidade de transformação respeitando os princípios da comunhão da partilha e da vida. “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em casa e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos” (Atos dos apóstolos 2:42-47).


Em tempos nos quais o ódio toma conta dos discursos e das ações de muitos, acreditemos no poder revolucionário do amor, “E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.” 1 Coríntios 13:2


A política brasileira está à deriva, dando claros sinais de fragilidade, o caos é intenso e tal como é em situações de turbulência muitas vezes não sabemos a quem ouvir, em quem acreditar; diante da dificuldade não abandonemos a nossa fé. “Eu vim para que  tenham vida e a tenham em abundância” (Jo, 10;10).


Comissão Brasileira de Justiça e Paz


Diocese de Crato