por: Dom Edson de Castro Homem – bispo diocesano de Iguatu
O Vaticano II, no desejo de retorno às fontes da Bíblia e da Tradição, relevou e renovou a antiga prática sinodal dos primeiros tempos da Igreja. Por isso, os Sínodos já fazem parte da prática pastoral da Igreja contemporânea. Seus frutos são reconhecidos pelas Exortações Pós-sinodais. São frutos de comunhão e participação desde a metodologia empregada. Ao final, cada Sínodo é uma bênção específica para a Igreja, abrindo-lhe novas perspectivas de ação.
Convocados pelo Papa, ele é quem aprova o tema de estudos úteis, necessários ou, simplesmente, de urgência para a Igreja, no tempo presente. As temáticas são de ordem pastoral. Não versam sobre a doutrina e os dogmas. Não tem caráter decisório. Portanto, não deliberam. O resultado é dado ao Papa em forma de considerações e de sugestões.
Já se tornou costume o fato do Papa escrever uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal a partir dos pareceres dos bispos que rezaram e trabalharam em comum, pois sínodo significa, de fato, caminhar juntos.
Causa espanto a atitude hostil, de certos setores, ao Sínodo para Amazônia. No entanto não é a primeira vez que ocorre um sínodo geográfico. Houve para a África e para as Américas, por exemplo. Também não é a primeira vez de um sínodo temático. Houve para a família e a juventude, entre outros. Agora, a temática é ecológica.
Existe uma relação próxima entre Ecologia e Evangelização. Já faz parte da Doutrina Social da Igreja. De São João XXIII, passando por São Paulo VI, São João Paulo II, Bento XVI até Francisco, todos, ao seu modo, trataram de temas ecológicos em várias circunstâncias. Existe também o ensinamento das Conferências Episcopais inclusive da nossa CNBB. Não podia ser diferente, pois o reconhecimento da natureza, contemplada e conservada, diante do risco da destruição planetária, toca a teologia da criação e da redenção, a teologia dos sacramentos, a espiritualidade e, sobretudo, a ética e a moral.
A ética da responsabilidade pelo meio-ambiente implica em conservar para as gerações futuras a “casa comum”, como aprecia afirmar o Papa Francisco. Neste sentido, a Carta Encíclica Laudato SI apresenta uma síntese de oportunidades de reflexão e de ação para cuidar da vida no nosso planeta. O conteúdo da Encíclica muito servirá ao Sínodo para a Amazônia. O texto é rico de Espiritualidade Cristã, desde seu título franciscano.
Causa espanto também a atitude exageradamente hostil ao Instrumento de Trabalho. Deram-lhe muita importância ao desqualifica-lo. Foi chamado até de documento, erroneamente, ou de propósito. Leram com lentes de aumento para encontrar falhas e apontar heresia. Caberá ao Sínodo aceita-lo, corrigi-lo e até rejeitá-lo. Seja como for, os temas são pertinentes e ajudarão à conversação.
Deplorável é a atitude refratária, ainda que minoritária, contra o Papa Francisco. O Sínodo serve de pretexto para rejeitar o Santo Padre. Pela difamação, perturbam e põem o rebanho contra o pastor. Usam as armas da mentira, do falseamento e do juízo prévio. Colaboram para a dissensão. O que é pior: escandalizam a fé dos simples.
Cabe a nós, com espírito verdadeiramente católico, sentirmos com a Igreja, como fizeram todos os santos e santas, unidos ao Sucessor de Pedro. Rezemos pelo Papa. Rezemos pelo Sínodo para a Amazônia. O Espírito Santo ilumina. Maria auxilia.