Ciganos e circenses têm enfrentado dificuldades para conseguir alimentação em meio a essa pandemia

O último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2014, aponta que os acampamentos ciganos estão presentes em cerca de 337 municípios brasileiros, em 22 estados.

Foto: Elza Fiúza/ABr

A população cigana também vem enfrentando dificuldades diante da pandemia de coronavírus. Em Cariacica, no Espírito Santo, as ciganas de um acampamento relatam a falta de alimentação em um áudio encaminhado por Whatsapp para Cristina Garcia, da Pastoral dos Nômades.

“Cristina, deixa eu te falar, as ciganas do acampamento estão sem alimentos. São 20 barracas em Cariacica. Na praia grande também”, diz um dos áudios.

A Pastoral dos Nômades do Brasil tem recebido vários pedidos de socorro como esse, explica a coordenadora executiva da Pastoral, Maria Cristina Teixeira Garcia.

“Nós continuamos orientando eles que busquem as autoridades municipais e a paróquia mais próxima para pedir apoio”.

De acordo com Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, há pelo menos três etnias ciganas no país: Calon, Rom e Sinti.

Com a população circense não tem sido diferente, principalmente porque eles dependem exclusivamente do que produzem para se manter. Para evitar aglomerações nos espetáculos, os artistas que vivem nos circos tiveram que baixar suas tendas e, sem bilheterias, a grande maioria dos artistas começa a enfrentar dificuldades, sem ter sequer comida para se alimentar.

O palhaço Pessebe, que é proprietário do Circo Fênix de Sergipe (AL) e agente da Pastoral dos Nômades, faz um trabalho de mobilização para ajudar essa população. Ele tem feito uma maratona entrado em contato com empresários de diversas cidades pedindo ajuda para o povo do circo.

“’Tem um circo ai na sua cidade que neste momento está passando por dificuldades, queria saber se o senhor teria condições de levar uma cesta básica para aquele circo ou falar com outro empresário que possa ajudar’. Assim, graças a Deus, a gente tem conseguido ajuda. Muitas pessoas receberam cestas básicas em nome da Pastoral dos Nômades”, disse o palhaço Pessebe.

Foto: Marcos Dantas – blog conectados na notícia

Na semana passada, Rômulo Targiano, agente da pastoral em Caicó, no Rio Grande do Norte, relatou à coordenação executiva da pastoral a situação do Circo Irmãos Dragneel, tocado pelo palhaço Cocotinha, sua esposa e filhos. Ao todo, são nove pessoas, entre elas duas crianças de 5 e 2 anos.

Eles tiveram de voltar para a cidade natal deles São João do Sabugi (RN), onde têm família, pois não tiveram como montar circo em Bom Jesus (RN) por causa da pandemia do coronavírus. Ao chegar à cidade, Cocotinha, que já estava sem dinheiro para comprar alimentação, ainda teve que enfrentar constrangimentos com postagens nas redes sociais que avisavam que eles estavam chegando e era para a população ficar dentro de casa.

“A necessidade deles é de alimentos. Aqui se não for através de Ministério Público dificilmente as Prefeituras estão ajudando, mas a gente vai tentar com um ofício da pastoral. Também estamos pedindo ajuda ao pároco da região”, disse Rômulo.

Quem quiser ajudar é só entrar em contato com a coordenadora executiva da Pastoral dos Nômades, Cristina Garcia, pelo telefone: 27-99831-8131 ou pelo e-mail: cgtsilva@gmail.com

Fonte: CNBB 
Capa: Circo América (CE)
Foto: Natinho Rodrigues – Diário do Nordeste