Dom Jaime faz uma análise do amor de mãe e afirma que Deus é um Pai com entranhas de mãe


 


 


Dom Jaime faz uma análise do amor de mãe e afirma que Deus é um Pai com entranhas de mãe


Em recente artigo, o arcebispo metropolitano de Natal (RN), dom Jaime Vieira Rocha, refletiu sobre o “Dia das Mães”, celebrado, este ano, no dia 13 de maio. Mesma data em que se celebra o dia de Nossa Senhora de Fátima.


No texto, dom Jaime faz reverência e agradece a todas as mães, mulheres que são guerreiras, destemidas, transmissoras de carinho e de ternura. Ele diz ainda que é preciso amar este ser que doa a vida, que se sacrifica, que suporta as dores, que manifesta suas preocupações e que reza constantemente para que o futuro dos filhos seja um futuro promissor.


E o bispo continua, neste sentido, como não rezar pelas mães que sofrem desprezo, abandono ou que se sentem desanimadas ou cansadas por tudo o que sofrem pelos filhos. Nós o faremos, sobretudo, na celebração da Eucaristia, onde adoraremos e louvaremos o Pai bondoso e cheio de compaixão, Deus que nas mães faz traduzir a sua ternura por toda criatura: “Qual mãe que acaricia os filhos assim vou dar-vos carinho, em Jerusalém é que sereis acariciados” (Is 66,13).


Esse amor de mãe é citado por dom Jaime em várias passagens do Antigo testamento onde o amor de Deus é comparado ao amor de uma mãe no texto de Isaías. Em outro momento, o bispo cita que é possível encontrar outro trecho, no mesmo livro do Profeta, onde se vê que o amor de Deus pelo seu povo supera o amor de mãe, quando esse não existe: “Sião vinha dizendo: ‘O Senhor me abandonou, o Senhor esqueceu-se de mim!’ Acaso uma mulher esquece o seu neném, ou o amor ao filho de suas entranhas? Mesmo que alguma se esqueça, eu de ti jamais me esquecerei!” (Is 49,14-15; cf. Sl 27,10).


O bispo relata ainda que indiretamente, Deus é chamado de mãe por Moisés quando manifesta sua queixa ao Senhor: “Acaso fui eu quem concebeu ou deu à luz este povo, para que me digas: ‘Carrega-o no colo, como se fosse uma babá a levar uma criança, até à terra que prometestes a seus pais?’” (Nm 11,12). No cântico de Moisés, reportado em Dt 32, outra vez a comparação com a mãe, usando a imagem da águia: “Qual águia que desperta a ninhada, esvoaçando sobre os filhotes, também Ele estendeu as asas e o apanhou e sobre suas penas o carregou” (Dt 32,11).


Dom Jaime assegura que essa imagem de Deus onde ternura e carinho são seus atributos não devem causar estranheza, pelo contrário, a própria experiência da mãe que temos atesta que Deus é Pai, mas com entranhas de mãe.


O arcebispo de natal ressalta que mesmo sendo conscientes de que o nosso falar sobre Deus é por analogia, isto é, os termos são sempre pobres ou insuficientes, podemos unir ternura materna e amor divino (cf. Sl 27,10; Jr 31,15-20; aproximação às figuras tanto do pai como da mãe. Possíveis traços femininos encontramos em Dt 32,18; Jó 38,8). Podemos citar aqui aquelas palavras tão doces do Papa João Paulo I, na famosa alocução do Angelus do dia 10 de setembro de 1978: “Também nós, que nos encontramos aqui, temos os mesmos sentimentos; somos objeto, da parte de Deus, dum amor que não se apaga. Sabemos que tem os olhos sempre abertos para nos ver, mesmo quando parece que é de noite. Ele é papá; mais ainda, é mãe”. É claro, isso não significa que vamos agora chamar Deus de “Mãe” ao invés de “Pai”.


É importante deixar claro, diz dom Jaime, que quando chamamos Deus de “Pai”, estamos seguindo o exemplo de Jesus e precisamos entrar em seu coração. Para Jesus, Deus Pai significa que Ele é amor, sempre amor: “Eu te amo com amor eterno; por isso, guardo por ti tanta ternura” (Jr 31,3), ou ainda: “Mesmo que as serras mudem de lugar, ou que as montanhas balancem, meu amor para contigo nunca vai mudar, minha aliança perfeita nunca há de vacilar – diz o Senhor, o teu apaixonado” (Is 54,10)”.


Dom Jaime finaliza o texto, lembrando que Nossa Senhora foi a escolhida para ser a Mãe do Senhor Jesus, modelo de mulher crente, obediente à Palavra de Deus e que, na liberdade, aceita o plano divino, que é sempre o de tornar o homem e a mulher felizes, porque libertos da escravidão do pecado. Em Maria, a Virgem de Nazaré, Deus realiza e concretiza o seu desejo de comunhão e de amizade com o ser humano, sempre manifestando-lhes ternura e compaixão.