O arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, escreveu um artigo intitulado “Fim dos extremismos”. O texto, publicado no portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aborda as ações radicais que se manifestam em contextos como o religioso, o mundo da política, da cultura e nas pessoas. “Os extremismos revelam que a sociedade sofre com sério desequilíbrio”, lamenta dom Walmor.
E esse desequilíbrio pode estar associado à forma de enxergar o mundo. Dom Walmor indica isso em seu artigo quando chama a atenção para que “não se pode justificar o radicalismo com o argumento de fidelidade a algo ou alguém, perdendo, assim, a competência de enxergar para além do ‘próprio quadrado’”. E também quando cita indivíduos que, sem conseguir ir além das próprias convicções e vontades, “se fecham para situações que poderiam ajudá-lo a evoluir, inclusive contribuir para a sua abertura ao exercício da generosidade e da gratidão”.
Em outro trecho, revela que “a vitória sobre os fanatismos envolve superar a convicção de que o próprio ponto de vista é a bandeira única da humanidade”, indicando um “passo fundamental” para superar os extremismos e garantir mais fraternidade às relações sociais.
O ambiente religioso é propício para extremismos, como é possível verificar no Oriente Médio e em outras partes do mundo e, mais recentemente, no Brasil.
“Causas nobres, enraizadas em princípios com profunda significação, têm se transformado em dinâmicas perigosas, radicais, que comprometem a paz e a solidariedade fraterna. Quando se radicaliza as posturas, o outro que não partilha as mesmas convicções, vira adversário, verdadeiro inimigo a ser combatido. Uma situação que faz surgir o terrorismo, a violência de todo tipo, a indiferença, a busca por ideologias políticas que já perderam o sentido e as disputas mesquinhas”, escreve dom Walmor.
O arcebispo ainda sublinha que neste contexto a solidariedade fica em segundo plano, particularmente para com os pobres – “ganhando força uma dinâmica que retarda avanços humanitários, mesmo com tantos recursos tecnológicos disponíveis”.
Enfrentar ou trabalhar para o fim dos extremismos exige compreensão a partir de estudo, atenção quanto ao fenômeno, partilha de conhecimento para uma “nova consciência social”.
Tecer novas dinâmicas capazes de transformar as atitudes do dia a dia é o desafiador caminho para vencer os extremismos, segundo dom Walmor, em meio aos amplos e profundos estudos às transformações na postura de cidadãos. Também urge a reconquista de equilíbrios, “o que inclui a recuperação do autêntico sentido das diferentes causas e das práticas religiosas”, alerta o metropolita de Belo Horizonte.