Em romaria, devotos participam do encerramento da festa da Divina Misericórdia, na diocese de Crato


O Santuário completou cinco anos de elevação nesse sábado, dia 7 de abril. (Foto: Mychelle Santos)


 



Como a água e o sangue que jorraram do coração de Jesus renovando a esperança da humanidade na misericórdia de Deus, a forte chuva que caiu durante a manhã deste domingo, dia 8 de abril, em Barro, reavivou a esperança dos fiéis reunidos no Santuário Diocesano, vindos em romaria para participar da solenidade da Divina Misericórdia presidida por dom Gilberto Pastana e concelebrada pelos padres José Cláudio da Silva, Arnaldo Pereira e Valderi Tavares.


A devoção manifestada através deste santuário ainda é recente, tem apenas cinco anos que ele foi elevado, mas as graças alcançadas são inúmeras como também são muitas as pessoas que acreditam ser ele um espaço sagrado. Confiante nisso a conselheira tutelar do município de Brejo Santo, Lídia Costa, participou da celebração, desta vez para agradecer por ter conseguido um emprego. “Pedi, consegui e hoje vim louvar a Deus com o coração cheio de gratidão”, disse ela falando ainda que o local onde está às relíquias de São João Paulo II, ao lado do altar, é onde não pode deixar de rezar quando vai ao santuário.


Lídia foi uma das devotas que vieram em romaria da cidade de Brejo Santo. Junto a ela mais 529 pessoas dessa cidade fizeram a peregrinação ao Santuário da Divina Misericórdia. Fiéis de Caririaçu, de outras partes da diocese de Crato e de outras dioceses como Iguatu, por exemplo, também organizaram suas caravanas. “Aqui é um lugar de santificação e encontro com Deus”, expressou a apóstola da misericórdia, Maria Leide de Araújo.


A festa deste ano teve início dia 5 e refletiu o tema “Daí graças ao Senhor porque Ele é bom; eterna é a sua misericórdia”. Além do aumento no número de participantes, o reitor, padre Cláudio, destacou o incentivo a prática das obras de misericórdia que tem crescido entre os devotos. “Devemos buscar no coração de Jesus essa misericórdia para que nas nossas ações vivamos as obras de misericórdia. Não basta dizer que temos que viver a misericórdia, mas praticá-las em nosso dia-a-dia”, justificou.


Ao final da solenidade o reitor comunicou que foi aprovada a planta da reforma da praça onde está localizado o santuário. Segundo ele, as obras devem começar em junho, após a festa do padroeiro Santo Antônio, e serem concluídas até o final do ano.


À tarde os fiéis contarão com mais programação religiosa. Às 15h acontecerá a renovação do apostolado eucarístico da Divina Misericórdia e às 16h missa de encerramento com a bênção das estampas de Jesus Misericordioso.


Levar a misericórdia de Deus


Refletindo as leituras deste segundo domingo da Páscoa, dom Pastana falou durante a solenidade sobre a atuação de Cristo, que é misericórdia, na vida dos discípulos e da humanidade. Segundo ele, as aparições de Jesus são as confirmações da sua ressurreição, por isso os cristãos não devem temer, mas sim anunciar esta experiência a todos os povos.


“A primeira palavra que Jesus dá aos discípulos é a misericórdia, revelada na saudação ‘a paz do Senhor esteja com vocês’. Num clima de dúvidas, de incertezas Jesus vem ressuscitar a vida dos discípulos. Vem dizer que é preciso sair, não ter medo. O clima de medo, de fechamento, transforma-se em alegria. O evangelista João diz que os discípulos alegraram-se com o que receberam: a paz, a misericórdia. Essa alegria não é superficial, mas parte de dentro, do coração que o Senhor nos dá”, disse.


Seguindo a reflexão, o bispo ainda ressaltou que, recebida à paz, Jesus concede ainda aos discípulos a missão de derramar essa misericórdia na vida do povo. “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós” (Jo 20, 21 ). “Só quem é enviado pelo Senhor pode derramar essa misericórdia que o Senhor vai confirmar”, continuou.


“Os discípulos recebem o poder do Senhor de serem enviados a partir do Espírito de Deus para derramar a misericórdia, para distribuir largamente sobre aqueles que necessitarem. É o Espírito derramado sobre os discípulos e os que o sucederam para que nunca falte a misericórdia do Pai. Essa realidade precisa ser comunicada aos outros com toda força de Deus”, disse.


Questionando se o anúncio da fé tem sido realizado de forma convincente, o bispo explicou o contexto da descrença de Tomé, que não estava presente quando Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos. “Será se muitas vezes nossa fé não convence? Será se eu digo que tenho fé, mas não demonstro? Como vou convencer meu irmão que não tem fé? Não tiro da fraqueza de Tomé, mas também não tiro a culpa da comunidade que não foi convincente ao falar para Tomé que Jesus tinha ressuscitado. Oito dias depois Jesus aparece e Tomé diz: ‘meu Senhor e meu Deus’. Talvez esta tenha sido a mais bela oração já dita pelos discípulos, resumida em duas palavras. Posso imaginar essa cena, Tomé se ajoelhando e falando isso olhando nos olhos do Senhor”, prosseguiu.


“O cristão que chega a esse nível dificilmente será um cristão que não vive mergulhado na comunidade, participando da comunidade. A misericórdia, quando atingiu o coração como o de Tomé, deixou sua vida transformada, modificada. Não existe outro Senhor, outro Deus a não ser o Deus de Jesus. Tomé experimentou isso e, a partir daí, a comunidade abre as portas, não precisa mais porta e janelas fechadas. Jesus ressuscitou. Os discípulos correm para anunciar”, disse.

Dom Gilberto no momento da oração eucarística. (Foto: Mychelle Santos)


Comparando com a realidade da festa da misericórdia que não pode ser uma festa fechada, o bispo falou da necessidade da experiência comunitária para vivencia da fé. “A fé é uma vivencia comunitária. É na comunidade que nós celebramos a fé. Não existe fé individual no sentido de que a dimensão comunitária mantenha essa fé. Jesus apareceu para a comunidade”, pontuou.


Finalizando, dom Pastana pediu que os fiéis celebrassem este dia vivenciando a misericórdia de Deus e tornando-se instrumentos de bondade.


Por: Jornalista Patrícia Silva (MTE 3815/CE)