“Podemos sonhar um futuro sem fome, mas isso só é legítimo se nos envolvermos em processos tangíveis, relações vitais, planos operativos e compromissos reais”, afirma Francisco em mensagem para o Dia Mundial da Alimentação.
Ação conjunta baseada na solidariedade e na justiça: este é o fulcro da mensagem que o Papa Francisco enviou ao Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação.
Celebrado em 16 de outubro, o tema deste ano é “As nossas ações são o nosso futuro. Um mundo com Fome Zero em 2030 é possível”.
Tristeza e amargura
No texto, o Pontífice lamenta que não cessa de aumentar o número de seres humanos que passam fome.
“Quando falta a solidariedade, todos estamos cientes hoje de que as soluções técnicas e os projetos, mesmo os mais elaborados, não são capazes de enfrentar a tristeza e a amargura de quem sofre por não conseguir alimentar-se de maneira suficiente e saudável. ”
Este não pode ser simplesmente mais um Dia, escreve o Papa, mas deveria servir para “ousar transformar em sofrimento pessoal aquilo que acontece no mundo”, pedindo que os Estados e sociedade civil redobrem os esforços para combater a fome.
Vergonha
Francisco fala de vergonha pelo fato de não se registrar avanços em humanidade e solidariedade ao mesmo passo dos avanços nos campos da tecnologia e da ciência.
“Todos somos chamados a ir mais longe. Podemos e devemos fazer melhor com os desvalidos. Para isso, é preciso passar à ação, de modo que desapareça completamente o flagelo da fome.”
Falta vontade política
O Papa cita a iniciativa a Agenda 2030, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e Fome Zero, que exigem que as organizações internacionais, como a FAO, envolvam responsavelmente os Estados-membros a fim de empreenderem e levarem a cabo ações a nível local, deixando de lado interesses eleitorais e mesquinhos.
“Falta realmente vontade política. É preciso querer de verdade acabar com a fome, mas isto não acontecerá se, em última instância e antes de tudo, não houver a convicção ética, comum a todos os povos e às diferentes visões religiosas, que coloca no centro de qualquer iniciativa o bem integral da pessoa. ”
Isso significa abordar uma dimensão estrutural que o drama da fome esconde: a desigualdade extrema, a má distribuição dos recursos do planeta, as consequências das mudanças climáticas ou os infindáveis e sangrentos conflitos que devastam muitas regiões.
Sonhar um futuro sem fome
É preciso assumir, com firmeza e determinação, o problema do outro, defende o Papa.
“Podemos sonhar um futuro sem fome, mas isso só é legítimo se nos envolvermos em processos tangíveis, relações vitais, planos operativos e compromissos reais.”
(Texto e foto: Vatican News)