Completou-se seu tempo, é a sua Páscoa: Irmã Maria Metildes 

Irmã Maria Metildes foi, sem dúvida, a melhor terra na semeadura da Pastoral da Criança do Ceará. Quando, em 1984, Dom Aloísio Lorscheider voltou de Itaici convencido de que a experiência de Zilda Arns para redução da mortalidade infantil precisava ser replicada nesta terra onde tantos “anjinhos” morriam antes do tempo, foi àquela freira pequena, jeitosa e decidida, a quem ele confiou suas sementes. Seu trabalho, arregimentando líderes em todas as dioceses cearenses que ela acompanhava “bem de pertinho”, permitiu que a Pastoral chegasse a famílias de mais de 60 mil crianças, simultaneamente, nos locais mais empobrecidos do Estado.

A informação e o carinho que a Pastoral leva às mães e crianças acompanhadas aqui tinha a sua cara, e isso nos fazia trabalhar com amor no seio desta família unida, ecumênica e centrada na mensagem do nosso Irmão Maior, o Cristo, servo dos pequeninos. Metildes esteve à frente deste trabalho por mais de 25 anos e passou sua bandeira quanto a Coordenadora Nacional, nossa amada Dra Zilda, passou a chefiar a Pastoral da Pessoa Idosa, na qual Metildes a seguiu. Com a morte da Dra. Zilda, a Irmã recolheu-se, no seu direito ao deserto pessoal e à oração.

Ir. Metildes

O trabalho de Irmã Metildes, além de ressaltado por todas as suas e seus muitos colaboradores, foi reconhecido pelas autoridades cearenses. Quando o Estado recebeu, em 1993, um prêmio do Unicef pela redução da mortalidade infantil, o governador Ciro Gomes convidou-a para acompanhá-lo a Nova York, onde a premiação foi entregue. Tati Andrade, membro do Unicef e nossa parceira, não deixava de ressaltar esse trabalho, que inspirou o modelo do Agente Comunitário de Saúde, criado no governo Jereissati.

Hoje somos nós, suas amigas(os) e colaboradores, que mais estamos saudosas. Tristes não, “Os amigos não devem jejuar se o noivo está com eles” nos diz Jesus no evangelho de hoje (Mt 9,14-15). Nesta quaresma, Metildes não precisará jejuar; ela fez sua Páscoa, está com Ele, é seu tempo de alegria.

Texto cedido gentilmente por Inês Prata, amiga e colaborada da Pastoral da Criança.