Dialogar é preciso


Dentro das atitudes éticas cristãs encontra-se a realização do diálogo interpessoal. Parece-me que hoje, mais do que nunca, precisamos em nossa sociedade de muito mais diálogo interpessoal. Há vários tipos de diálogo como o conhecido “Diálogo Socrático” ou o contemporâneo “Diálogo Dialético”, e há obviamente conceitos bem diferentes sobre os diversos tipos de diálogo. Há pessoas que confundem até monólogo com diálogo! L. Boros em seu livro “Encontrar a Dios em El hombre” (Salamanca, 1991) enfatiza as seguintes qualidades para que um diálogo interpessoal seja frutífero: “veracidade, respeito, alegria, amizade, amor magnanimidade e sinceridade”. O mundialmente conhecido teólogo R. Guardini em seu livro “Una ética para nuestro tiempo” (Madrid, 1994) escreve na mesma linha. Para ele fatores importantes incluem: “…veracidade, aceitação, respeito, fidelidade, bondade, compreensão, cortesia e gratidão”. Seria muito difícil apresentar todo o conjunto de atitudes necessárias para um rico e profundo diálogo interpessoal. Cada caso exige um conjunto específico de atitudes.


Onde há greves, frequentemente há falhas no diálogo entre o governo ou patrão e os funcionários ou operários. Em muitos dos casos de divórcio, desquite ou separações, a falta de diálogo razoável é apontada como a causa da ruptura das relações. Nas intermináveis brigas entre pais e filhos adolescentes um diálogo interpessoal inadequado, às vezes, é indicado como a causa principal. Podemos listar algumas qualidades básicas que facilitam a comunicação interpessoal. Estas incluem: (a) Respeito ao outro e suas manifestações ideativas, axiológicas e religiosas; (b) Aceitação do pluralismo evitando toda intransigência e dogmatismo; (c) Esforço para enfatizar a convergência e, quando possível, evitar a ênfase exagerada na divergência; (d) Reconhecimento da igualdade dos homens e mulheres, esforçando-se para acolher o outro, especialmente o marginalizado, e (e) Criação de laços de amizade que é “a estrutura fundamental da relação própria de pessoa para pessoa”.


Hoje se torna imperativo e urgente mais diálogo sincero e genuíno interpessoal em várias áreas como: o diálogo de gerações (pais e filhos); o diálogo internacional (buscando paz entre as nações); o diálogo político (entre partidos políticos e entre o governo e a oposição);  o diálogo entre culturas diferentes (europeus e asiáticos); o diálogo entre ideologias diferentes (democracia e comunismo);   o diálogo entre as religiões (cristãos  entre si e muçulmanos, isso é  ecumenismo);  o diálogo profissional (entre médicos e seus pacientes, entre advogados e seus clientes, entre militares e seus subordinados); o diálogo pastoral (entre padres e pastores e seus rebanhos); o diálogo orante com  Deus (feito através da leitura de sua Palavra nas Sagradas Escrituras, do Magistério da Igreja, do bom exemplo do nosso irmão feito “à imagem e semelhança de Deus)


Para uma vida bem melhor e mais autêntica nos campos: social, político, econômico, religioso e educacional, é preciso urgentemente de um diálogo interpessoal ou grupal, que seja genuíno, profundo e, sobretudo verdadeiro. Tal diálogo faria bem à sociedade nestes tempos difíceis.


Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald

Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1