Onde gosta de ser e estar: Irmã Annette celebra 60 anos de vida consagrada no meio dos romeiros

Aos 85 anos, Irmã Annette Dumoulin, da Ordem das Cônegas de Santo Agostinho, chega aos sessenta anos de vida consagrada onde gosta de ser e estar: no meio dos romeiros, falando sobre o Padre Cícero Romão. Não fosse uma ponta de sotaque francês, poderia ser considerada brasileira: dos sessenta anos de vida religiosa, quarenta e cinco foram semeados nessas “Terras de Santa Cruz”.

A celebração do jubileu teve lugar na tarde deste sábado, 1º de fevereiro, no Círculo Operário São José, em Juazeiro do Norte, no tradicional “Encontro com os romeiros”, dentre eles doze integrantes indígenas do povo Xukuru-do-Ororubá, vindos de Pesqueira, no agreste pernambucano. Religiosas e pesquisadores amigos também compareceram para felicita-la.

“Parte do meu sonho era esse: celebrar os meus sessenta anos com os índios, mostrando para todos, para os romeiros, que não tenham vergonha de mostrar a sua cultura”, disse a jubilanda.

Doutora em Ciências da Educação, ela chegou ao Brasil para estudar e pesquisar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na periferia do Recife (PE). Na convivência, descobriu a figura do Padre Cícero e as romarias do Juazeiro. Chegou junto à irmã de Congregação Ana Teresa, mas foi sob o título de “madrinha dos romeiros” que ficou conhecida ao abraçar a causa em defesa do “padrinho”, no acolhimento aos seus afilhados.

“Irmã Annette nos ajuda a amar, ainda mais, o Padre Cícero que foi um defensor da natureza e dos movimentos, por isso os dois estão sempre em nossos corações”, afirmou Edinaldo Xukuru, cujo pai, assassinado ao defender povo, era devoto do padrinho. Na aldeia, inclusive, há escolas dedicadas ao patriarca do Nordeste.

A freira belga, de alma brasileira, também contribuiu de forma significativa nos estudos sobre a vida do Padre Cícero, a história de Juazeiro e o trabalho junto aos romeiros. Com Irmã Ana Teresa, escreveu o livro “Padre Cícero por ele mesmo”, reeditado em 2015. Também é dela o livro “Em sonho: uma boa conversa entre o romeiro Sebastião e Padre Cícero” (2016) e o “Padre Cícero, o Padrinho dos pobres” (2017).

De sua atuação, destacam-se ainda a criação do Centro de Acolhida aos Romeiros e o Centro de Psicologia da Religião, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, Basílica-Santuário. Também incentivou a criação e a organização da Associação dos Artesãos de Nossa Senhora das Dores e ações pastorais na Rua do Horto, com círculos bíblicos que acontecem até hoje. Promoveu trabalhos voltados à educação, por meio da Escola Comunitária “O Semeador”, no Bairro Aeroporto, e da Escola Poço de Jacó, no caminho do Horto, além da contribuição aos estudos sobre a história e a vida do Padre Cícero Romão e das romarias.

Para o reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, Padre Cícero José, Irmã Annette fala com propriedade daquilo que ela mesma viu e vivenciou junto ao povo romeiro. “Uma vida doada. Ela se apaixona, fica e deixa-nos um grande legado. Se hoje somos o que somos, é graça ao trabalho pastoral de uma equipe. E, nessa equipe, teve como base a Irmã Annette, Irmã Teresa, Monsenhor Murilo… Ela tem muito ainda contribuir com a nossa comunidade, a nação romeira”.

Fonte: http://maedasdoresjuazeiro.com/postagens/onde-gosta-de-ser-e-estar:-irma-annette-celebra-60-anos-de-vida-consagrada-no-meio-dos-romeiros