Irma Helena Corazza, paulina e fundadora da SIGNIS Brasil, foi condecorada com o prêmio “Comunicador pela Paz”, da Associação Católica de Comunicação SIGNS ALC
No final da edição deste ano do Congresso Latino-Americano de Comunicação (COMLAC 2022), promovido pela Associação Católica Latino-americana SIGNIS, um novo prêmio “Comunicador pela Paz” foi entregue. Dessa vez, a profissional contemplada foi a Irmã Helena Corazza, religiosa paulina e uma das fundadoras da SIGNIS Brasil. Instituído na segunda edição do congresso, realizada em 2004, na República Dominicana, o prêmio é destinado a comunicadora e comunicadores comprometidos com o trabalho em favor da cidadania plena, o desenvolvimento dos povos e construção da paz no continente. Na impossibilidade de estar presente, Ir. Helena foi representada pelo atual presidente da SIGNIS Brasil, Alessandro Gomes, que recebeu o prêmio em nome da religiosa.
Ao saber do prêmio, Ir. Helena conversou com a Agência de Notícias SIGNIS. Emocionada, ela afirmou estar, ao mesmo tempo, surpresa e muito grata com a indicação. “De verdade, eu jamais pensei em receber prêmio algum”, disse. Ela agradeceu à SIGNIS Brasil pela indicação e à comissão julgadora por sua escolha. Para ela, para além do reconhecimento pelo trabalho feito, esse prêmio é um incentivo a se comprometer ainda mais com a causa da comunicação a serviço da paz, da justiça e da fraternidade.
Jornalista, mestre e doutora em Comunicação, Ir. Helena Corazza tem uma longa trajetória em favor da comunicação inspirada nos valores do Evangelho. Parte de história está ligada à intensa participação nas organizações católicas ligadas à comunicação, entre as quais a SIGNIS Brasil, da qual é uma das fundadoras. Sobre a SIGNIS, a propósito, a religiosa diz que a identificação com a causa da Associação está diretamente relacionada à concepção de comunicação que ela valoriza como irmã paulina. Inspirada na vida do Apóstolo Paulo, essa é comunicação que, sem prescindir da comunhão com a Igreja, tem o olhar para além da comunidade eclesial. “É uma comunicação laica, que se insere na sociedade e testemunha o Evangelho sem ter que ficar o tempo todo falando de Deus”, explica Ir. Helena.
Nesse sentido, na contramão de uma cultura individualista e marcada pela competição, a importância de associações como a SIGNIS está ligada ao fato de, unidos, comunicadores profissionais cristãos podem se ajudar a dar esse testemunho pessoal e coletivo. “Encontros da associação SIGNIS sempre nos fortalecem”, afirma a religiosa.
Questão de identidade
Desde jovem, Irmã Helena teve contato com religiosas de diferentes congregações (inclusive, na sua própria família, no Rio Grande do Sul), voltadas ao trabalho com saúde ou educação. Mas ela conta que não se identificava com esse tipo de trabalho. Foi quando teve contato com um material de divulgação das Filhas de São Paulo e passou ouvir essas religiosas no rádio que, finalmente, se encantou e se identificou com o carisma paulino e a vocação de testemunhar o Evangelho mediante o uso dos meios de comunicação. Com o tempo, ela compreendeu que Deus a tinha dotado do dom de comunicar. Mais ainda: a sua identidade como pessoa, cristã e paulina a fez entender que, para além do que fazer comunicação, tinha nascido para ser uma comunicadora e que o sentido disso tudo estava no testemunho pessoal, profissional e cotidiano.
Irmã Helena conta que viveu muitas experiências que atestam isso. Ela lembra, por exemplo, da sua formação em jornalismo, quando, inclusive, pode se dedicar especialmente à produção de comunicação comunitária. No seu curso universitário, a crítica à Igreja era uma constante. Sem negar a sua identidade de fé e, ao mesmo tempo, sem assumir uma postura proselitista, ela buscou sempre atuar com abertura ao diálogo. “Eu buscava compreender porque aquelas pessoas, professores e colegas de curso, eram contrárias à Igreja”. Sua postura acabou surpreendendo algumas daquelas pessoas, como uma professora de rádio que, tempos depois, acabou colaborando com a própria SIGNIS.
Mais tarde, cursando mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP), a experiência não foi diferente. Uma lição dessa experiência parece ser bastante clara para a irmã paulina: “pessoas que fizeram uma experiência negativa de Igreja precisam de uma experiência positiva para mudar o seu olhar”. Nesse caso, o testemunho diz muito mais do que as palavras, conclui.
Com simplicidade e olhando para a caminhada feita até aqui, Irmã Helena Corazza avalia que a experiência da Igreja em comunicação pode dar alguns passos importantes. Especificando no caso dos meios de comunicação, esse precisam superar a tendência de “olhar muito para si mesmos”. Outro risco é o desses meios assumirem uma postura fundamentalista. Para ambos os perigos, Irmã Helena é categórica: “sem perder a dimensão da comunhão e da pastoral da Igreja, os meios de comunicação católica precisam ter mais presente a dimensão missionária e o assumi-lo com novo ardor”.