CONECTADOS

Estar conectado significa, de modo geral, conhecer e envolver-se pelas novas tecnologias da comunicação, basicamente o uso da Internet, pelo computador ou pelo Smartphone. Nada garante, entretanto, que o usuário ao entrar em contato com suas mensagens tenha a segurança da verdade ou a objetividade dos fatos.

A desconexão com a verdadeira comunicação dos fatos é sempre possível. São as notícias falsas porque fictícias ou é o falseamento da notícia quando se diz meia-verdade ou se apresenta apenas a versão e a opinião sem referência. Nada tem a ver com a possibilidade de interpretações diversas e contrastantes do real. Aliás, há conflitos de interpretação no mundo do saber e entre os pensadores de qualquer área do conhecimento. As divergências, então, se complementam numa visão geral de síntese.

Vivemos um tempo difícil em que, embora tenhamos acesso a muitas notícias a toda hora e de todo o mundo, do país e da cidade onde vivemos, não sempre temos a garantia e a certeza que nos dizem a verdade. Explodem boatos virtuais ou midiáticos.

Entretanto, há pessoas crédulas e ingênuas que se deixam enganar com a maior facilidade. São conectadas com aquilo que gostam de ouvir e desconectadas com a verdade fática. Não buscam a veracidade. Não averiguam. Reproduzem falsidades.

São várias as comunicações falsas em relação ao COVID19. Há quem politize e ideologize pela sua origem.  Há os que o demonizam a serviço do Anticristo anunciado para o fim. Existe quem encontrou a receita religiosa para a cura. Conta-se que uma criança acordou, gritando. Disse que viu um anjo (em sonho ou pesadelo?).  Dissera-lhe que se encontrasse um fio do seu cabelo angelical na Bíblia e o pusesse em copo d´água para beber, ficaria curada do vírus. Há ainda aquele que se passa por médico, mas receita medicação natural e corriqueira. Trata-se de gargarejo com água morna e limão que deve ser ingerido, pois o vírus morre no estômago. Há outras receitas fantasiosas. Tais futilidades reforçam a tolice da simples gripezinha. Mera desconexão da realidade!

A propósito, é danoso não cumprir o mandamento da Lei de Deus de não usar seu nome em vão. O cristianismo não pode se servir da fé e da propensão à crença para tirar vantagens políticas ou financeiras das pessoas. Caem os que realizam sessão de “curas espirituais”. Não se pode banalizar o milagre. O falar sobre Deus deve ser responsável.

Em tempo de calamidade, é normal a observação de Jeremias: “Até o profeta e o sacerdote vagueiam sem saber o que se passa” (Jr 14,18).  Deus se torna mais pergunta do que resposta. Questiona-nos também para que façamos o possível que nos compete.

O que Deus pode dizer-nos nesta hora em que parece ausentar-se ou calar-se? Fala-nos naqueles que estão conectados com Ele pela oração e pela vida santa. Diz-nos: Entra em comunhão comigo! Fala-nos naqueles que cuidam dos doentes, os médicos (Eclo 38,12-13), enfermeiros, cientistas e todos os pesquisadores do mundo. Fala-nos por aqueles que se solidarizam pelo outro, no risco de morte, e expressam amor aos semelhantes, de modo prático e desinteressado. Diz-nos: Acuda-me nos enfermos e necessitados!

Fala-nos quando o governante sábio educa seu povo (Eclo 10,1) com atitudes e palavras. Educa o povo a conectar-se com a verdade da prevenção segura que inclui isolamento social e higiene pessoal. É certo: Deus está conectado conosco!

Dom Edson de Castro Homem

Bispo de Iguatu